8 de set. de 2021

OUVI COM A MAMAE

 ..a mente dele se move num círculo perfeito, porém reduzido.

G. K. Chesterton, Ortodoxia.
Vezes sem conta acordo com pautas que levava pra mamãe, tenho em mente a fala que em nenhum livro que eu tenha lido se compara com as lições que minha mãe me ensinou.
Hoje decidi escrever sobre isso em resposta a uma oração que fiz ontem.
Eu e mamãe falávamos muito de um sentimento que nos assombrava; que é como é louco quem não confia em Deus, e eu acabei ensinando pra ela a frase desse autor ai, o Chesterton:
"Quando se deixa de acreditar em Deus, passa-se a acreditar em qualquer coisa."
Escrevi sobre umas percepções que não tinham sido racionalizadas mas eis aí, não sei se foi uma aula que ouvi ao lado dela, uma pregação, não me lembro, mas hoje serviu como animo para conseguir materializar as virtudes que desejo ter:


Muita gente que cobra muito dos outros, esta cuspindo um problema que é dele, se cobrando e achando que Deus cobra muito também. Essa gente vive num inferno legalista e projeta isso em tudo e todos. Vira uma confusão!
Perfeccionismo e sentimento de culpa exagerados vão resultar (óbvio) em insegurança. E insegurança nasce d'uma fragilidade.
Para consciência fraca existe tratamento: terapia, estudo da boa teologia e da pratica do Amor. Numa espiral holística por assim dizer.
Aprendizados que ficam colados na nossa massa cinzenta vem de experiências. Olha que coisa "louca";
Experiências religiosas que seriam suficientes para uma pessoa normal, são insuficientes para uma pessoa que tem padrões de pensamento distorcidas, que experimentaram um tipo de curto circuito intelectual.
Veja o caso do louco chestertoniano, ( "Se você discutir com um louco, é extremamente provável que leve a pior; pois sob muitos aspectos a mente dele se move muito mais rápido por não se atrapalhar com coisas que costumam acompanhar o bom juízo. Ele não é embaraçado pelo senso de humor ou pela caridade, ou pelas tolas certezas da experiência. Ele é muito mais lógico por perder certos afetos da sanidade. O louco não é um homem que perdeu a razão. O louco é um homem que perdeu tudo exceto a razão. [...] Talvez a maneira de nos aproximarmos ao máximo dessa descrição é dizer o seguinte: A mente dele se move num círculo perfeito, porém reduzido. Um círculo pequeno é exatamente tão infinito quanto um círculo grande; mas embora seja exatamente tão infinito, não é tão grande.” G. K. Chesterton, Ortodoxia.) o louco não é quem perdeu a razão, louco é quem perdeu tudo menos a razão.
Muitas vezes o louco é uma pessoa extremamente racional dentro de um circulo minúsculo de raciocínio que exclui tudo que não cabe lá dentro.
Então quando a pessoa tem uma obsessão, ela pode ter uma experiência real mas como essa experiência não cabe no circulo dogmático dela, ela exclui aquilo, tratando a experiência como falsa, mentirosa ou como fruto da ignorância. A experiência não vale para ela porque o pensamento dela é problemático, não porque a experiência não seja real. As vezes o que tem que ser feito é quebrar essa estrutura mental para a pessoa descobrir a vida e VIVER, descobrir que ela não é só aqueles padrões, e ai de repente uma experiência que para ela parecia que não era suficiente, ela descobre que é suficiente sim.
“Cada um alcança a verdade que é capaz de suportar”. Jacques Lacan (1901-1981) O que você suporta como verdade no exato ponto em que você se encontra? 

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