8 de set. de 2021

2021- 6ºdomingo após a Páscoa celebramos o dia das mães.

 2021- 6ºdomingo após a Páscoa celebramos o dia das mães.

6 domingos sem minha mãe Neli.
To postando essa captura de tela pq tava bonita e não queria deixar de registrar que aqui o dia foi bem “milhões de dias cinzas".
Essa foto de um momento arrumadinha pq hj não dei conta.. o cabelo tá oleoso até agora.
Tudo bem.
Ouvi uma frase no sermão da manha que falava sobre o 3 mandamento (Êxodo 20:7 – “Não tomarás o Nome do Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o Seu Nome em vão.) o texto sobre a lei da liberdade que nos ensina como viver no mundo criado que me impactou, me deixou com uma mistura de preocupação e vergonha:
“Em tudo o que fazemos está implicado o nome de Deus, e por esse motivo, tudo o que fazemos tem consequências eternas.
.
Maternidade é uma coisa tão grande, tão natural, comum e extraordinária. Nas palavras do grupo de maes; "uma sociedade com Deus".
Neste dia celebramos o sem numero de processos que atravessamos e que somos atravessadas.
Todo dia recomeçamos. Servindo a Deus nas ações mais banais.
Seguindo em frente.
Orando baixo, chamando os filhos para a realidade, não os deixando abandonar os sonhos, colonizando seus futuros com os valores que achamos fundamentais.
Um beijo nas mamães, oro para que não nos esqueçamos que somos pó, que somos imagem e semelhança do Criador, que doamos amor sim e tb precisamos dele.
Que Deus tenha misericordia de nós.
Fé, Esperança e Amor.

Oiiiii

 Tenho um livro que minha mãe comprou (e estudava comigo, e noutras eu estudava com ela) “Etiqueta e Boas maneiras” depois das lições rápidas, ela me fazia pensar e dizer sobre o que eu pensava da #mulherelegante e naquela época não saia muita coisa. Ficávamos falando sobre estratégias para nos aproximar daquele paradigma. Tempo foi passando e com seus conselhos d-i-a-r-i-o-s e c-o-r-r-e-ç-o-e-s saiu esse textinho que uso como lembrete para meu cotidiano. Decidi colocar de legenda de um tipo de foto que todo mundo engaja. 😉Ps: @monteirojoel_ e @vercosapaiva que podem falar da minha conduta elegante, ou não, muito obrigada pela oportunidade Santa de servir ao Senhor servindo vocês. ♥️🚀🦁A mulher elegante é aquela que se veste não só de acordo com a moda e com o *seu* tipo, mas *apropriadamente* para cada circunstancia? Por certo que sim. Mas NÃO apenas isso. A elegância da mulher tem estreitas conotações com o seu modo de ser e de viver.


É elegante na decoração da sua casa, na organização das suas reuniões, na hospitalidade com que recebe os amigos, na discrição com que se refere às amigas, na delicadeza com que presenteia e simplicidade com que agradece. Aceita as homenagens não como se lhe fossem devidas, mas por polidez para com aquele que a homenageia. É elegante na direção de seu carro, na pratica dos esportes e, principalmente, no antiexibicionismo. Mas é muito mais elegante na sua conduta familiar e social. E é ainda elegante no tratamento dispensado a todos que lhe prestam serviços. É elegante também no tom de voz e nas expressões. Não fala alto, tão pouco exasperadamente, não critica, não é desleal e tanto mais!

De onde se deduz que, para elegância, não há uma definição absoluta. Ligada às qualidades de gosto, de bom gosto, de educação de correção moral, etica e de apuro social, não é privilegio de alguns, mas de todo aquele que esta em harmonia consigo mesmo, com o próximo, com o seu tempo e com o mundo em que vive.

Pv 14:1. Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos.

OUVI COM A MAMAE

 ..a mente dele se move num círculo perfeito, porém reduzido.

G. K. Chesterton, Ortodoxia.
Vezes sem conta acordo com pautas que levava pra mamãe, tenho em mente a fala que em nenhum livro que eu tenha lido se compara com as lições que minha mãe me ensinou.
Hoje decidi escrever sobre isso em resposta a uma oração que fiz ontem.
Eu e mamãe falávamos muito de um sentimento que nos assombrava; que é como é louco quem não confia em Deus, e eu acabei ensinando pra ela a frase desse autor ai, o Chesterton:
"Quando se deixa de acreditar em Deus, passa-se a acreditar em qualquer coisa."
Escrevi sobre umas percepções que não tinham sido racionalizadas mas eis aí, não sei se foi uma aula que ouvi ao lado dela, uma pregação, não me lembro, mas hoje serviu como animo para conseguir materializar as virtudes que desejo ter:


Muita gente que cobra muito dos outros, esta cuspindo um problema que é dele, se cobrando e achando que Deus cobra muito também. Essa gente vive num inferno legalista e projeta isso em tudo e todos. Vira uma confusão!
Perfeccionismo e sentimento de culpa exagerados vão resultar (óbvio) em insegurança. E insegurança nasce d'uma fragilidade.
Para consciência fraca existe tratamento: terapia, estudo da boa teologia e da pratica do Amor. Numa espiral holística por assim dizer.
Aprendizados que ficam colados na nossa massa cinzenta vem de experiências. Olha que coisa "louca";
Experiências religiosas que seriam suficientes para uma pessoa normal, são insuficientes para uma pessoa que tem padrões de pensamento distorcidas, que experimentaram um tipo de curto circuito intelectual.
Veja o caso do louco chestertoniano, ( "Se você discutir com um louco, é extremamente provável que leve a pior; pois sob muitos aspectos a mente dele se move muito mais rápido por não se atrapalhar com coisas que costumam acompanhar o bom juízo. Ele não é embaraçado pelo senso de humor ou pela caridade, ou pelas tolas certezas da experiência. Ele é muito mais lógico por perder certos afetos da sanidade. O louco não é um homem que perdeu a razão. O louco é um homem que perdeu tudo exceto a razão. [...] Talvez a maneira de nos aproximarmos ao máximo dessa descrição é dizer o seguinte: A mente dele se move num círculo perfeito, porém reduzido. Um círculo pequeno é exatamente tão infinito quanto um círculo grande; mas embora seja exatamente tão infinito, não é tão grande.” G. K. Chesterton, Ortodoxia.) o louco não é quem perdeu a razão, louco é quem perdeu tudo menos a razão.
Muitas vezes o louco é uma pessoa extremamente racional dentro de um circulo minúsculo de raciocínio que exclui tudo que não cabe lá dentro.
Então quando a pessoa tem uma obsessão, ela pode ter uma experiência real mas como essa experiência não cabe no circulo dogmático dela, ela exclui aquilo, tratando a experiência como falsa, mentirosa ou como fruto da ignorância. A experiência não vale para ela porque o pensamento dela é problemático, não porque a experiência não seja real. As vezes o que tem que ser feito é quebrar essa estrutura mental para a pessoa descobrir a vida e VIVER, descobrir que ela não é só aqueles padrões, e ai de repente uma experiência que para ela parecia que não era suficiente, ela descobre que é suficiente sim.
“Cada um alcança a verdade que é capaz de suportar”. Jacques Lacan (1901-1981) O que você suporta como verdade no exato ponto em que você se encontra? 

27 de mai. de 2021

um conselho

   mamãe me mandou esses conselhos quando estava internada para a amputação do dedinho.
não sei bem de onde ela tirou, mas sei que essas coisas ficarão.
 
 Deixo aqui para sua lembrança.

1 - Não duvide de sua capacidade

“Que ninguém te despreze por seres jovem. Ao contrário, mostra-te um modelo para os fiéis pela palavra, pela conduta, pelo amor, pela fé, pela pureza.” (ITm 4,12)

2 - Cuide bem de sua família

“Se alguém não cuida dos seus, sobretudo dos que vivem com ele, este renegou a fé e é pior que um infiel.” (ITm 5,8)

3 - Contente-se com o essencial

“A piedade é, de fato, grande fonte de lucro para quem se contenta com o que tem. Pois nada trouxemos a este mundo e assim também nada dele podemos levar. Tendo, pois, comida e roupa, fiquemos contentes com isso.” (ITm 6,6-8)

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4 - Evite discussões bobas

“Lembra-te de tudo isto, atestando diante de Deus que é preciso evitar as discussões de palavras, que de nada servem, a não ser para perder os que as ouvem.” (IITm 2,14)

5 - Não fale coisas feias

“Evita o palavreado vão e profano; os que o praticam progredirão sempre mais na impiedade.” (IITm 2,16)

6 - Seja intenso, mas com equilíbrio

“Foge das paixões da juventude; busca a justiça, a fé, o amor, a paz em união com aqueles que de coração puro invocam o Senhor.” (IITm 2,22)

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7 - Jamais se vergonhe de Cristo.

"Eu te exorto a reavivar o dom de Deus que está em ti pela imposição de minhas mãos. Pois não foi um espírito de timidez que Deus nos deu: foi um espírito de coragem, de amor e de autodomínio. Por isso, não te envergonhes do testemunho que deves dar de nosso Senhor.” (IITm 1,6-8a)

8 - Seja constante na Fé e leia a Bíblia

“Tu, porém, continua firme no que aprendeste e aceitaste como certo, sabendo de quem o aprendeste e que desde criança conheces as Sagradas Escrituras; elas podem dar-te a sabedoria que leva à salvação pela fé em Cristo Jesus.” (IITm 3,14-15)

9 - Respeite os outros mesmo que estejam errados

“Não repreendas duramente um velho; ao contrário, exorta-o como a um pai; aos jovens, como a irmãos; às mulheres idosas, como a mães; às jovens, como a irmãs em toda pureza.” (ITm 5,1-2)

10 - Ore pelo governo

“Eu te recomendo que se façam pedidos, súplicas, orações e ações de graças por todos: pelos reis e pelos que estão no poder, para que possamos levar uma vida calma e tranquila, com toda piedade e honestidade. Isto é uma boa coisa e agrada a Deus, nosso Salvador.” (ITm 2,1-3)

11 - Zele por seu comportamento na Igreja

“É preciso que saibas como comportar-te na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade.” (ITm 3,15)

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12 - Busque a pureza

"Conserva-te puro." (ITm 5,22c)

A Canção de Adeus

Durante a sua carreira, Bob Dylan criou histórias de amantes que não conseguiam trocar qualquer palavra porque uma das partes não queria entender sobre a realidade misteriosa em que se encontravam.


Você está lendo minha newsletter, Presto, uma série de reflexões sobre a cultura e a política nacional e internacional, sempre a partir de um ponto de vista independente e sem amarras. A periodicidade será de três textos mensais: dois não necessariamente inéditos e um completamente inédito e exclusivo para quem fizer uma colaboração paga (temporariamente suspensa por motivos fora do controle deste autor). Para assinar a newsletter e ajudar na sua manutenção, é só inscrever o e-mail aqui:


"Mas se os argumentos bastassem para tornar os homens bons, eles teriam feito por merecer grandes recompensas, como diz Teógnis, e as recompensas não faltariam. Todavia, embora as palavras pareçam ter o poder de encorajar e estimular os jovens de espírito generoso, e preparar um caráter bem-nascido e verdadeiramente amigo de tudo que é nobre para fazê-lo adquirir a virtude, elas são impotentes para incutir a nobreza e a bondade na maior parte das pessoas. Com efeito, o homem comum não obedece por natureza ao sentimento de honra, mas unicamente ao medo, e não se abstém de más ações porque elas são ignóbeis, e sim por temer o castigo. Orientada pela paixão, esse tipo de gente anda buscando seus prazeres e os meios de conseguí-los, evitando os sofrimentos que lhes são contrários, e nem ao menos fazem idéia do que é nobre e verdadeiramente agradável, já que nunca experimentaram tais coisas. Que argumento poderia regenerar tais pessoas? É difícil, e talvez impossível, erradicar pelo raciocínio os traços de caráter que se incorporaram à sua natureza. Talvez devamos nos dar por satisfeitos, se conseguirmos dar algum traço de virtude a essas pessoas, quando dispomos de todos os meios capazes de influenciar as pessoas no sentido de torná-las boas".


Aristóteles, "Ética a Nicômaco"


"Sugar Baby", a última canção do álbum "Love and Theft" (Amor e Trapaça), de Bob Dylan (que fará 80 anos de idade no próximo dia 24 de maio), fala sobre a despedida de um homem à sua amada. Ambos se encontram num dia de sol abrasador e a luz ofusca a visão do eu-lírico:


    "I got my back to the sun 'cause the light is too intense

    I can see what everybody in the world is up against

    You can't turn back - you can't come back, sometimes we push too far

    One day you'll open up your eyes and you'll see where we are".


(Estou de costas para o sol porque a sua luz é muito intensa/ Posso ver o que todos neste mundo estão contra/ Você não pode negar, nem pode voltar, algumas vezes fomos longe demais/ Um dia você vai abrir os olhos e vai ver onde está)


Logo no início, temos uma situação de incomunicabilidade. O homem tenta dizer alguma coisa à amada. Não é uma coisa qualquer: ele viu algo que todos evitam, algo que, se for dito com todas as letras, a mulher certamente negará. Seja lá como fôr, o sujeito tem plena consciência de que sua intenção será pervertida numa incompreensão e, principalmente, numa ingratidão dos diabos. Mas ela não pode negar o fato de que tal revelação existe e que, algum dia, saberá realmente o que está acontecendo ao seu redor. Até lá, o homem esperará a decisão dela, afastado de seu amor, vendo qual será o limite da amada, ao fazer a sua escolha numa vida solitária, como explica no refrão:


    "Sugar Baby get on down the road

    You ain't got no brains, no how

    You went years without me

    Might as well keep going now".


(Querida, prepare-se para enfrentar a estrada,/ Você não tem jeito mesmo,/Ficou anos sem a minha companhia/ Pode muito bem ficar sozinha agora)


Dylan canta os versos com a voz da experiência, a voz da pessoa que viu um fato desses acontecer várias vezes: não há lamento ou sequer amargura. Na verdade, é justamente a maturidade na sua voz que transforma a canção em um carinhoso conselho de um homem para uma mulher que, se continuar a trilhar o caminho de forma errada, pode se dar muito mal. Dylan sabe do que está falando. Durante a sua carreira como cantor e compositor, ele criou histórias de amantes que não conseguem trocar uma única palavra porque uma das partes não quer entender sobre a realidade misteriosa em que se encontram. Sempre havia alguém - seja um homem ou uma mulher - que não se arriscava nas experiências de entrega que o amor exige em um relacionamento. Os exemplos em sua obra são vários: desde todo o Blood On The Tracks, passando por "Like a Rolling Stone" e "Just Like a Woman", terminando em "When The Night Comes Falling From The Sky" e "Highwater". No mundo segundo Bob Dylan, o Mal está sempre disposto a destruir alguém inocente, com as formas mais inventivas e sutis possíveis; o pior é que a pessoa pode estar consciente da sua perdição, como a moça que grita ao amante de "Highwater", em plena enchente apocalíptica - "Você não percebeu que estou me afogando também?" (Can´t you see I´m drowning too?).

O Mal, o Erro e a Mentira infiltram-se no coração do ser humano por meio de truques tão bem feitos, que ninguém percebe onde começa a realidade e onde começa a alucinação. "Some of these bootleggers, they make pretty good stuff" - Alguns desses falsários fazem coisas muito boas. Como, por exemplo, a tia Sally que não é a tia Sally e com quem o homem estava tendo um  caso por uns tempos. Ou seja, ele também caiu no universo de intriga e engano: tem pleno conhecimento que os segredos podem ser guardados onde queremos, mas, se isso acontecer, seremos também obrigados a lidarmos com memórias que nunca aprenderemos a viver para expurgá-las, memórias de um passado que tentamos esquecer e não podemos, porque é nada mais, nada menos que o próprio pecado.

O narrador em "Sugar Baby" é um pecador. Conheceu as trevas como poucos. Por isso, seu conselho à amada não é para recuperá-la em seus braços e viver uma vida feliz com ela. É para que a moça não siga a mesma sina de perdição, para que não ande mais pela cidade sombria (Darktown) porque, como todo mundo sabe, "there ain't no limit to the amount of trouble women bring" - não há limites para o monte de problemas que as mulheres trazem. Talvez por trás da resignação do conselho esconda um quieto desespero, o desespero daquele que sabe que, por causa do amor que sente pela mulher, eles nunca mais se encontrarão. Ele não deixa de dar a dica que o amor, apesar de tudo, é uma coisa boa: "Love is pleasing, love is teasing, love's not an evil thing". O amor excita, o amor estimula, o amor não provoca o mal - mas ele só pode usufruir deste amor no exílio porque é bem provável que o objeto amoroso já foi para o fundo do abismo, procurando e desejando o amado apenas na terra devastada de sua mente.

"Aquele que começa a amar também começa a se despedir", já dizia Santo Agostinho em seus comentários ao Salmo 64, e a procura pela verdade inicia-se justamente no momento em que o ser humano desprende-se das coisas terrenas e, por mais que isso seja dolorido, começa a amar o Ser que lhe deu a vida. Este é um dos atos mais nobres que um homem pode realizar e que confirma a sua natureza mutável, capaz de aceitar a redenção, com todas as suas sombras e luzes. Entretanto, o exílio das coisas mundanas não significa uma fuga da realidade; ao contrário, é uma maneira de aprofundar-se cada vez mais nos abismos do real e tentar compreender a ambiguidade que nos cerca no cotidiano. Para ser exato, trata-se de um exílio dentro da realidade, a bios theorétikos que Aristóteles afirma ser a vida contemplativa do spoudaios, o homem maduro, que distancia-se da desordem existente para encontrar uma ordem tanto no mundo, como na sua alma. O eu-lírico em "Sugar Baby" é um spoudaios: o seu conhecimento da vida, até aquele momento, o leva a aconselhar a pessoa que ama a evitar os mesmos passos e, ao mesmo tempo, sempre estar aberto ao mistério da existência, uma vez que "você deve estar preparado para tudo aquilo que ainda não conhece". O spoudaios, seja numa canção de Bob Dylan, seja na ética aristotélica, seja no Eclesiastes bíblico, está sempre na procura pela verdade e não desistirá tão fácil. O problema na procura é que ela deveria ter um fim, mas descobre-se que o fim é tão incerto quanto o caminho que se trilha e que o verdadeiro sentido está na procura.

Para muitos, isto pode parecer que a vida em si - com o seu começo, meio e fim - não tenha um sentido, um rumo predeterminado. Ela tem e, ao mesmo tempo, não tem. Este paradoxo é um dado intrínseco da estrutura da realidade e, consequentemente, da própria vida humana: há um destino, com sua fatalidade inexorável, as sinas que todos temos de suportar, mas há também o dom do livre-arbítrio, em que cada um de nós pode fazer escolhas que marcarão nossa existência e a tornará imprevisível. Este dom não pode ser desperdiçado: o ser humano é alguém com mais limites do que possibilidades; suas ações sempre estarão condicionadas a uma circunstância, mas que pode superá-las através do senso de transcendência que qualquer consciência humana possui. O que seria este senso de transcendência? É quando o homem pode ver o passado no presente, o presente no passado, talvez prever alguma coisa do futuro e então agir para modificá-lo - para quando chegar este futuro ele recuperar algo do passado. É neste ponto imutável do espírito que se dá a grandeza da humanidade; mas, apesar de imutável, a alma não se deixa ficar imóvel; ela continua a sua procura pela verdade.

E o que é a procura pela verdade? É o movimento da alma dentro de uma determinada existência, limitada por um determinado tempo e um determinado espaço (aquilo que chamamos de História), rumo ao Além que é a sua fonte e origem. Portanto, por ter mais amarras do que propriamente uma liberdade completa, a alma enfrenta, durante a procura pela verdade, uma série de obstáculos e de tensões luminosas (que Platão chamava de "metaxo") que, por mais contraditório que isso pareça, é justamente o impulso principal que motiva a jornada. Como bem explicou Eric Voegelin neste trecho de Order and History V, que deveria ser guardado na memória do leitor como um conselho de pai:

"A procura pela verdade é um movimento de resistência contra a desordem que prevalece; é um esforço para afinar novamente a existência concreta e desordenada na existência da tensão da realidade, uma tentativa de um novo campo social de ordem existencial em competição com os campos que clamam que a verdade tornou-se duvidosa. Se a procura for bem-sucedida em encontrar os símbolos que expressarão adequadamente a nova e diferenciada experiência de ordem, se então encontrar pessoas que aderem à nova verdade e às formas duráveis para sua organização, teremos certamente o surgimento de um novo campo social. Entretanto, o relato destes eventos pessoais e sociais não exaure a estória que deve ser contada; ao contrário, a consolidação bem-sucedida de um campo de ordem diferenciada cria novas estruturas na História, através de suas relações com outros campos sociais. Se a procura for um sucesso, serão impostas nos outros campos as características não existentes de falsidade ou mentira; esta imposição provocará movimentos de resistência daqueles que aderiram à velha verdade, assim como das descobertas de verdades alternativas, seja a velha ou a nova verdade; também deparar-se-ão com os obstáculos sociais de indiferença e ignorância espiritual; e encontrará os movimentos de ceticismo atiçados pela nova pluralidade de verdades. Assim, a procura não é apenas o seu próprio começo. Ao reconstruir os campos sociais em relação à verdade da ordem, ela marca o começo de uma nova configuração de verdade na História. Como a procura do peregrino é acompanhada pela sua consciência do evento como um começo nas dimensões pessoais, sociais e históricas da ordem, o peregrino tem de contar uma estória e tanto. É a estória de sua experiência de desordem, da resistência atiçada nele pela observação de casos concretos, da sua experiência de ser arrastado na busca pela verdadeira ordem, através de um comando que veio da tensão luminosa da realidade, da sua consciência de ignorância e inquietude, de sua descoberta da verdade, e das consequências da desordem descontrolada em relação à ordem que ele experienciou e articulou. O evento como um começo é a estória de uma tentativa de impor a ordem numa terra massacrada pela desordem" (Order and History V - págs 39-40).

E o que será esta estória que inicia a procura pela verdade na História? É a estória contada por Deus, que se revela nos símbolos que o homem articula dentro da tensão da realidade e que, se recuperadas em seu sentido original, mostram a lógica de uma História. Mas esta lógica não tem um sentido acabado, como um sistema; a procura pela verdade é um movimento que vai para a frente, com a intenção de descobrir o que realmente aconteceu no passado. Em um mundo dominado pela perversidade, a procura pela verdade é também um empreendimento de restauração. Por isso mesmo, a procura em si mesma nunca termina: ela é, se podemos parafrasear o verso batido de Vinicius de Moraes, infinita enquanto dura.

Mas não é este mesmo o significado do exílio dentro da realidade, motivado pela angústia de ver um amor que pode ir embora a qualquer momento? "Every moment of existence seems like some dirty trick/ Happiness can come suddenly and leave just as quick" - “Cada momento da existência parece algum truque sujo/ A felicidade pode aparecer de repente e ir embora rapidamente”, canta Dylan, com pleno conhecimento de causa. Mesmo sendo um exilado, o amor só pode existir se houver um relacionamento entre duas pessoas - e ainda assim, este relacionamento está carregado de riscos. O homem quer explicar à amada sobre as contradições desta vida, sobre a evidência de que nem tudo é certo, que vivemos num mar de incerteza em que o barco onde estamos não possui uma vela, um leme e até mesmo um remo. Mas ela não aceita; recusa o conselho; o homem sabe disso desde o primeiro momento; ele sabe também que, se continuar assim, as coisas vão sair pior do que já estavam - "Try to make things better for someone, sometimes, you just end up making it a thousand times worse" (Ao tentar melhorar as coisas para alguém, muitas vezes você as torna mil vezes pior).

E como o homem tem de viver nesta condição de incerteza, as únicas saídas são o exílio, o silêncio e a astúcia para, algum dia, retornar aos seus pares e transmitir o amor que aprendeu durante a sua procura pela verdade. Ainda assim, como sabemos, a procura não terminou: é no incessante movimento de ir e voltar do deserto da meditação da alma para o convívio com os seres humanos que a procura pela verdade fica cada vez mais plena. Quem explicou com precisão a complementariedade deste movimento foi - por incrível que pareça - o cético e iluminista Edward Gibbon, o autor de "Declínio e Queda do Império Romano", ao afirmar: "A solidão é a escola do gênio, mas a conversação facilita o entendimento". É na solidão que a alma pode reencontrar-se com as experiências que deram um sentido para sua existência; mas, ao mesmo tempo em que ela pode ser libertadora, para muitas pessoas apresenta-se como um fardo. A solidão é própria de quem quer enfrentar a vida do espírito; própria de quem quer se tornar uma pessoa profunda e não apenas uma pessoa inteligente; própria de alguém que sabe que o ser humano é falível, mas tem uma força que não é apenas sua e que vem de algo que lhe sopra, enquanto o barco sem vela, sem leme e sem remo ruma pelo oceano.

O problema é se alguém consegue suportar a solidão. Poucos conseguem, como o spoudaios de "Sugar Baby". Sim, ele se despede de sua amada, sem deixar de dizer a ela que o seu mundo não será mais o mesmo sem a sua presença:


    "Your charms have broken many a heart and mine is surely one

    You got a way of tearing a world apart, love, see what you done

    Just as sure as we're living, just as sure as you're born

    Look up, look up - seek your Maker - 'fore Gabriel blows his horn".


(Seus charmes quebraram vários corações e o meu é certamente um/ Você tem uma maneira de estraçalhar com o mundo, querida, veja o que fez/ Tão certo que você está viva, tão certo que você nasceu/ Olhe, olhe para cima, procure o seu Criador, antes que Gabriel assopre a sua trombeta)

Aqui, fica claro o que o narrador viu na luz do sol, no início da canção. Ninguém quer encarar a sua revelação, principalmente a amada: o fato de que vivemos em um mundo onde os seres humanos abandonaram Deus. "Olhe, olhe para cima, procure o seu Criador, antes que Gabriel assopre a sua trombeta" - tente encontrar Deus antes que o Fim se aproxime. Dylan não hesita em ser apocalíptico, no verdadeiro sentido do termo; o homem abandonou Deus e, por isso, Ele contra-atacará para mostrar que tudo neste mundo é Seu e de mais ninguém. "Sugar Baby" é uma canção de adeus porque, afinal de contas, o eu-lírico deixa a alma de sua amada entregue a Deus. Não é à toa que a palavra "adeus", em português, pode ser lida também como "A Deus": aquele que começa a amar, também começa a se despedir, porque o ser humano deve ficar sozinho para encontrar a tensão da partícula divina - o Nous de Platão e Aristóteles a rivalizar com o Logos do Evangelho de São João -, que lhe permite contar a estória dentro da História, participar de sua narrativa através do dom do livre-arbítrio e ficar acima dos instintos animais que o puxam para o Mal, o Pecado, o Erro, a Mentira e a Ignorância. A procura pela verdade é uma procura que não para, uma procura rumo ao fim que é o começo, ao fim de um lugar que deve ser conhecido como se estivéssemos lá pela primeira vez, como diz T. S. Eliot no final dos Four Quartets:


With the drawing of this Love and the voice of this Calling


We shall not cease from exploration


And the end of all our exploring


Will be to arrive where we started


And know the place for the first time.

(Com o esboço deste Amor e a voz deste Chamado/ Nós não devemos terminar a procura/ E no final de tudo aquilo que procuramos/ Será para chegar onde começamos/ E conhecermos o lugar pela primeira vez)

A procura pela verdade é o próprio sentido da vida, é o barco sem leme, sem vela, sem remo, no meio de um mar sinuoso, cheio de pecado. Há um sopro que o movimenta, mas nunca saberemos se é o sopro de Alguém ou apenas o sopro de um mero vento. Pode ser o Tudo ou o Nada - e entre estes dois temos de fazer nossas escolhas. Se optarmos pelo Nada, seremos fracos e covardes, como o Drummond depois de "A Máquina do Mundo", que rejeita o mistério da eternidade pela certeza das pedras mineiras e pela mesquinharia da vida cotidiana; se optarmos pelo Tudo, seguiremos a aventura heroica da fé, que nos ajuda a suportar a nossa finitude, a nossa limitação e as nossas dúvidas. Mas, para realizar esta aventura, muitas vezes temos de deixar certas pessoas que estimamos, para que elas sigam o seu próprio rumo. A vida é uma jornada solitária e temos de aprender a conviver com a solidão porque, de certa forma, ela é nossa única companheira, no nascimento e na morte. Não podemos desistir de procurar, mesmo que tudo pareça desolado: será na procura pela verdade de cada um que outras procuras surgirão, criando um remanescente de Israel, que recuperará a Ordem e assim continuaremos a nossa viagem, sempre indo em frente, para reencontrar o que perdemos.


Martim Vasques da Cunha







10 de mai. de 2021

dia das mães 2021

 2021- 6ºdomingo após a Páscoa celebramos o dia das mães. 

6 domingos sem minha mãe Neli. 

To postando essa captura de tela pq estava bonita e não queria deixar de registrar que aqui o dia foi bem “milhões de dias cinzas".

Essa foto de um momento arrumadinha pq hj não dei conta.. o cabelo tá oleoso até agora. 

Tudo bem. 

Ouvi uma frase no sermão da manha que falava sobre o 3 mandamento: 

(Êxodo 20:7 – “Não tomarás o Nome do Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o Seu Nome em vão.)
O texto sobre a lei da liberdade que nos ensina como viver no mundo criado que me impactou, me deixou com uma mistura de preocupação e vergonha:

 “Em tudo o que fazemos está implicado o nome de Deus, e por esse motivo, tudo o que fazemos tem consequências eternas.

.

Maternidade é uma coisa tão grande, tão natural, comum e extraordinária. Nas palavras do grupo de mães da Esperança; "uma sociedade com Deus". 

Neste dia celebramos o sem numero de processos que atravessamos e que somos atravessadas. 

 Todo dia recomeçamos. Servindo a Deus nas ações mais banais. 

Seguindo em frente. 

Orando baixo, chamando os filhos para a realidade, não os deixando abandonar os sonhos, colonizando seus futuros com os valores que achamos fundamentais.

Um beijo nas mamães, oro para que não nos esqueçamos que somos pó, que somos imagem e semelhança do Criador, que doamos amor sim e tb precisamos dele.

Que Deus tenha misericórdia de nós. 

Fé, Esperança e Amor.

27 de mai. de 2020

Mania de Explicação.


MANIA DE EXPLICAÇÃO

Era uma menina que gostava de inventar uma explicação para cada coisa. 
•Explicação é uma frase que se acha mais importante do que a palavra. 
Ela achava o mundo do lado de fora um pouquinho complicado. 
Se cada um simplificasse as coisas, o mundo podia ser mais fácil, ela pensava. 
Então tentava simplificar o mundo dentro da sua cabeça.
•Simplificar é quando em vez de pensar em 4/8 a pessoa pensa logo em 1/2. 
Um meio, quando é escrito em números sempre quer dizer "metade", mas quando é escrito em letras pode também querer dizer "um jeito". 
Existem vários jeitos de entender o mundo. 
Ela tentava explicar de um jeito que o mundo ficasse mais bonito. 
Essa menina pensa que é filósofa, as pessoas falavam. 
•Filósofo é quem, em vez velejar ou ver fórmula 1, ou futebol, ou ler mil coisas, prefere ficar pensando pensamentos que contém os problemas do mundo. 
De tanto que a menina explicava, as pessoas às vezes se irritavam,
•irritação é um alarme de carro que dispara bem no meio do seu peito, 
reclamavam, e iam embora, deixando a menina lá, explicando, sozinha.
•Solidão é uma ilha com saudade de barco. 
•Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança pra acontecer de novo e não consegue. 
•Lembrança é quando, mesmo sem autorização, o seu pensamento reapresenta um capítulo. 
•Autorização é quando a coisa é tão importante que só dizer "eu deixo", é pouco. 
•Pouco é menos da metade. 
•Muito é quando os dedos da mão não são suficientes. 
•Desespero são dez milhões de fogareiros acesos dentro da sua cabeça.
•Angústia é um nó muito apertado bem no meio sossego. 
•Preocupação é uma cola que não deixa o que não aconteceu ainda sair do seu pensamento.
•Ainda é quando a vontade está no meio do caminho.
•Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.
•Cismar é quando o desejo quer aquilo apesar de tudo.
•Apesar é uma dificuldade que não é grande o suficiente.
•Dificuldade é a parte que vem antes do sucesso.
•Sucesso é quando você faz o que sabe fazer só que todo mundo percebe.
•Antes é uma lagarta que ainda não virou borboleta.
•Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer mas acha que devia querer outra coisa. 
•Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára. 
•Intuição é quando o seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido. 
•Pressentimento é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista.
•Vaidade é um espelho em todos os lugares ao mesmo tempo.
•Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora. 
•Ansiedade é quando faltam cinco minutos sempre para o que quer que seja. 
•Indiferença é quando os minutos não se interessam por nada especialmente.
•Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.
•Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.
•Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes. 
•Tristeza é uma mão gigante que aperta o seu coração. 
•Alegria é um bloco de carnaval que não liga se não é fevereiro.
•Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.
•Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros. 
•Decepção é quando você risca em algo ou em alguém um xis preto ou vermelho.
•Desilusão é quando anoitece em você contra a vontade do dia.
•Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas, geralmente, não podia. 
•Perdão é quando o natal acontece em maio, por exemplo.
•Exemplo é quando a explicação não vai direto ao assunto.
•Desculpa é uma frase que pretende ser um beijo.
•Beijo é um carimbo que serve pra mostrar que a gente gosta daquilo.
•Gostar é quando acontece uma festa de aniversário no seu peito.
•Amor é um gostar que não diminui de um aniversário pro outro. Não. Amor é um exagero... Também não. É um desadoro... Uma batelada? Um enxame, um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego? 
Talvez porque não tivesse sentido, talvez porque não houvesse explicação, esse negócio de amor ela não sabia explicar, a menina.

3 de mar. de 2020

mete o loko bullet.

Santas e Santos uma coisa importante que aprendi;  •Louvo a Deus por todas as coisas. Louvo a Deus por ter compromisso comigo apesar de mim, louvo a Deus por cuidar de mim e me manter sempre nesse caminho. Me carregar de volta. Louvo a Deus por cada perdão. Louvo a Deus pela morte e pela vida. Louvo a Deus por sua Graça. Ainda que seja difícil e doloroso. Bendito seja o Senhor. Só  é possível estar num compromisso para a vida se vc se comprometer com a sua vida e crer nisso. TUDO COMEÇA COM CRER. Ser gente como Cristo demora, olha de onde Ele te tirou? destrói e constrói. Esteja ao lado de quem crê q vc foi DE FATO formada a imagem e semelhança do Deus Trino e q Já veja isso em você, que ame esse propósito, mesmo no tempo do #ja_e_ainda_nao. Que te olhe com olhos eternos para ver que mesmo o seu início pó da terra ( com toda mazela) terá um futuro glorioso como participante da Glória de Deus na eternidade.   Ps: Se vc não crê nisso. Por favor... não. Obrigada, de nada. 😘



1 de mar. de 2020

Tudo que eu sinto esbarra em Deus.” Adélia Prado.

Já dizia Oscar Wilde que “a rebeldia, aos olhos de qualquer pessoa que tenha estudado um pouco de história, é a verdade original 
do ser humano”, defendo a ideia de que mudanças só são possíveis com posicionamentos. Celebro justamente essa inquietude que pode alterar rumos e nos impulsionar. (#avante) 
A Rebeldia com o que está na “modinha” (com o status quo) revela minha porção efervescente.
Até a rotina certinha, os hábitos cultivados com perseverança e a aversão a algumas posturas podem ser considerados atos de resistência para quem aprendeu que mudar para continuar sendo eu mesma )a fim de que Cristo seja visto em mim) -e sem pedir desculpas por isso- ainda é o maior ato de rebeldia que há. 






26 de fev. de 2020

B.J


O link para a pregação; viva a vida com a ética cristã.

Estava errada sobre tudo.