24 de abr. de 2012

Perseverança

Jogo a minha rede no mar da vida e às vezes, quando a recolho, descubro que ela retorna vazia. Não há como não me entristecer e não há como desistir. Deixo a lágrima correr, vinda das ondas que me renovam, por dentro, em silêncio: dor que não verte, envenena. O coração marejado arrumo, como posso, os meus sentimentos. Passo a limpo os meus sonhos. Ajeito, da melhor forma que sei a força que me move. Guardo a minha rede e deixo o dia dormir.


Com toda a tristeza pelas redes que voltam vazias, sou corajosa o bastante para não me acostumar com essa idéia. Se gente não fosse feita pra ser feliz, Deus não teria caprichado tanto nos detalhes. Perseverança não é somente acreditar na própria rede. Perseverança é não deixar de crer na capacidade de renovação das águas.

Hoje, o dia pode não ter sido bom, mas amanhã será outro mar. E eu estarei lá na beira da praia de novo. O que prevalece é essa maneira nova de sentir a vida.

Essa perspectiva que me faz admirar, incansáveis vezes, as preciosidades da vida.

Essa vontade de bendizer tantas maravilhas.

Esse sentimento de gratidão pelas coisas mais simples que existem.

Esse jeito mais amigo de ouvir meu coração.

O que prevalece agora é essa apreciação mais desperta,

que me permite reinaugurar flores e céus e pessoas no meu olhar.

Essa graça que encontro, de graça, nos detalhes mais singelos. Deus em todo tempo; em cima Ele esta!

O que prevalece agora é a confortável percepção de que, por trás de tantas e habituais nuvens, esse contentamento faz parte da nossa natureza.

Os problemas, os desafios, as limitações, não deixaram de existir. Deixaram apenas de ocupar o espaço todo.

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