1 de jul. de 2010

Bonito me parece.

Há dias penso sobre feiúra e beleza. Claro que Umberto Eco com seus tratados sobre o assunto pensou mil vezes mais que eu. Atrevo-me a escrever mesmo assim, afinal são meras indagações. É claro que andei tendo uns colóquios sobre alguns fatos, que vivi até chegar aqui mesmo porque se não o texto nao seria possivel, e, saiba que é, e tão somente é, o que me parece. Desdobramentos e devaneios da caixola que voa.
Entende-se como feiúra o oposto da beleza, mas segundo Eco, a feiúra é mais divertida que a beleza,
( tem muitos “meachoobonitão”, por ai horríveis, pode apostar!) e que narizes com verrugas, barriguinhas e tamanho não sendo documento podem ser belos e fascinantes. Imagine uma velha no melhor estilo bruxa, com uma pinta escura bem próxima a boca... Imaginou? Agora imagine a mesma pinta próxima do lábio superior da Cindy Crawford? Quando é que o feio se tornou belo? Não saberia responder, mas dá pra perceber claramente que o conceito de beleza se torna variável de acordo com o conceito estético predominante. Não necessariamente vinculada a modismo, que é mais superficial que a estética, que a meu ver está mais fundamentada na cultura e no tempo vigente.
Belo hoje na verdade é o que nos causa sobressalto, nos choca, nos surpreende.
Tenho me surpreendido muito andando por aí...
Minha mãe sempre dizia que existe gosto pra tudo e que “uns gostam dos olhos, outros da remela”. Enfim..
A beleza ultrapassa conceitos e se faz presente naquele campo em que nos percebemos tocados por um átimo de suspensão: o que há aqui, ou nesta pessoa, ou neste objeto, ou neste lugar, ou nesta obra, ou nesta musica, ou neste texto, ou neste momento que me esvazia e ao mesmo tempo me eleva? Neste momento toca-se a beleza muito além do bonito, me pus a pensar... Não me deixar levar por esse sentimento seria um quase o que? Um quase holocausto para as minhas convicções. Eu trabalho com esse material. O belo eterno e o seu valor comercial. Mas meu coração não esta firmado nisso, entende..
Por isso penso que quando buscamos as variações de beleza, temos que ter o cuidado de libertá-la dos modismos e percebê-la flutuando acima do tempo. Ela percorre a historia em todos os seus momentos e é inquestionável quando se revela pura, suave e natural. Mas generosa como é, se permite ser vestida pelos conceitos da época.

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