4 de set. de 2012

Os luxos do sec. 21

Segundo mademoiselle Chanel, o luxo é o oposto da vulgaridade, e ninguém entendeu mais de luxo do que ela. Foi Chanel quem libertou a mulher do espartilho, decretou que o uso de pérolas falsas era chique, cortou os cabelos curtinhos e foi seguida por todas as mulheres do mundo. Ela foi entusiasta das mulheres sem ter feito um só discurso nem queimado um só sutiã. Só na base da competência e elegância! Mas o mundo muda a cada dia e os direitos que conquistamos foram tantos, e estamos tão habituados a eles, que nem lembramos mais de como era a vida antes. Os conceitos são outros e eu me pergunto o que hoje é o verdadeiro luxo? Usar jóias, nem pensar; é um convite claro ao assalto, talvez seguido ostentação. Desnecessária!


Deixá-las no cofre não resolve pois os ladrões agora entram em nossas casas sem pedir licença. Algumas guardam seus brilhantes no cofre, e existem também as que deixam no cofre do banco, sim, contanto que seja num banco na Suíça. Então, de que adianta ter jóias? A moda virou um caos, a globalização é um fato e se você compra um vestido maravilhoso em Paris quando chega ao Brasil vê a copia- algumas até bem feitas- no alternativo, relativo.. o que chega a ser trágicomico! O luxo era exclusividade, o que hoje não existe mais. Viver uma vida de luxo é um perigo e só os poucos e recentemente ricos querem exibir sinais exteriores de riqueza. Os ricos de verdade são simplíssimos ( e aqui não falo somente de dinheiro). Conheço os que andam disfarçados pra não chamar atenção. Então Sebastião pra que ser rico? E você quer ser rico de que? E o que é o luxo nos dias de hoje? Difícil dizer. St. Tropez virou praia popular. Só é possível ir a Paris ou NY fora de estação, para ter o direito de andar nas ruas sem fazer parte de uma multidão e pra ver as obras de arte de um museu só tendo um amigo no poder, e ter o direito de alguns- só de alguns- uma vista privada, depois deles terem fechado para o publico. Como se emocionar diante da Vênus de Milo com um monte de gente em volta, barulhenta, comendo pipoca como se estivesse na porta de um estádio de futebol?

O verdadeiro luxo do século 21, é o espaço, o silencio, a privacidade, o amor, a gentileza, a sutileza, a lealdade, o brio, o perdão, a esperança, a vida vivida em função do coletivo!

Genteee! Acorda! Cade o habito sublime de ser cordial? Não ser leviano?!

Por isso muitos atravessam o mundo para chegar a uma praia deserta, seja onde for, no Ceará ou na Grécia, ou dentro do quartinho de oração, onde possam usufruir as melhores coisas da vida, poderem ouvir o som das ondas, ouvir o silencio de Deus que invade e se transforma em criatividade. Nesse lugar dá pra se dedicar ao verdadeiro luxo, que é ter o direito de respirar o ar puro, ver as estrelas do céu, dar um mergulho no mar e dormir sem ouvir o barulho de buzinas e motocicletas. Mas custa caro! Custa tudo!
Custa você plantar. Custa muita humilhação que a gente aguenta sem se queixar. Custa entregar o melhor, todos os dias, a todos!

Falando isso porque me vi completamente ilhada pela nossa mídia que deseja normatizar a experiência retirando a influencia e apagando o comportamento diário das pessoas que desejam o luxo que defendo; o direito sublime de ser. Na realidade não temos liberdade pra ser de qualquer maneira, porque somos escravos do que conhecemos hoje, e a nossa verdade é a bíblia.

Venho porque amo esse luxo; ser!

Seja luxuosa. Morra pra viver!

Bisou!

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