30 de dez. de 2009

Pra vocês.

Quando um paizinho dorme para sempre, ele não atende mais o telefone, não aparece no portão, não traz caixinha de cerveja na metade do mês de março, não vai estar lá confraternizando com os amigos, não vai te ensinar sobre as coisas da vida, não vai dar bronca por fazer tudo tão errado, não vai te cutucar sobre estar julgando o proximo, não vai ver o neto falar vovô, não adianta chamá-lo pelo nome ou dizer que é dia de futebol. É que quando um paizinho dorme para sempre, ele fica espalhado no mundo, em todas as coisas pequenas, e a gente precisa de muita delicadeza para encontrá-lo de volta.


No começo, a gente só o encontra nos suspiros da mãe, nos olhos do cachorro esperando no portão, na cadeira vazia, no remendo do armário, no prego segurando o quadro, na garrafa de vinho, pela metade. Aos pouquinhos e devagar, a gente começa a encontrá-lo nas alegrias do mundo, no vôo das cotovias, no desenho das nuvens formando barquinhos e caravelas, nas estrelas que a gente conta, numa pessoa sem mágoa, na toalha sem nódoa, e até quando felizes nossos olhos vão se enchendo d'água...

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